Megaoperação no Rio

Megaoperação com mais de 100 mortos no Rio: Profissionais de Saúde no Limite da Exaustão

Enfermagem

A megaoperação no Rio de Janeiro expôs o colapso silencioso da saúde pública. Profissionais de saúde enfrentam sobrecarga, risco e exaustão nos hospitais.

Introdução: Quando a guerra urbana invade o hospital

A megaoperação policial realizada no Complexo do Alemão e na Penha (RJ) no fim de outubro de 2025 deixou um rastro de violência, tensão e dezenas de mortos. Enquanto o foco da mídia recaiu sobre a segurança pública, outro drama se desenrolava em paralelo, longe das câmeras — a sobrecarga dos profissionais de saúde nos hospitais públicos do Rio de Janeiro.

Emergências superlotadas, plantões dobrados e falta de equipes transformaram a rotina hospitalar em um cenário de colapso silencioso. Médicos, enfermeiros e técnicos relatam exaustão física e emocional diante de uma demanda crescente e de uma estrutura que já operava no limite.

O contexto da Megaoperação no Rio e seus reflexos imediatos na saúde

A chamada “Operação Contenção”, a A megaoperação no Rio deflagrada em 28 de outubro de 2025, envolveu mais de 2.500 agentes de segurança, resultando em mais de 120 mortos e dezenas de feridos, segundo balanço do Poder360.
Hospitais da região metropolitana, como o Hospital Estadual Getúlio Vargas e o Hospital Souza Aguiar, receberam a maioria das vítimas. Com isso, as equipes de saúde enfrentaram uma sobrecarga repentina e brutal.

De acordo com a Fiocruz, situações de violência urbana e operações de grande porte provocam “picos críticos de demanda hospitalar”, especialmente nos setores de trauma, ortopedia e emergência. Além disso, há aumento no estresse ocupacional entre profissionais expostos à pressão contínua e à insegurança.

“Trabalhar sob o som de tiros e sirenes virou rotina. O problema é que devido a Megaoperação no Rio, desta vez, não houve folga nem reforço. A sobrecarga é insustentável”,
relata uma enfermeira do Hospital Getúlio Vargas, que preferiu não se identificar.

Um sistema já saturado antes da crise

Mesmo antes da Megaoperação no Rio, o sistema de saúde pública do Rio de Janeiro já dava sinais alarmantes de esgotamento. Segundo levantamento do O Globo, 427 leitos estavam fechados em hospitais federais do estado em 2024, muitos por falta de profissionais e insumos básicos.

A escassez de enfermeiros e técnicos tem se agravado. Dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) apontam que mais de 60% dos profissionais relatam sobrecarga de trabalho e sintomas de burnout.
Essa precarização é resultado de anos de subfinanciamento, terceirizações e gestão fragmentada entre governos federal, estadual e municipal.

Sobrecarga emocional e risco psicológico

A sobrecarga dos profissionais de saúde não se resume ao excesso de trabalho. Ela traz consequências mentais profundas. Estudos da Fiocruz indicam que, após eventos de grande impacto, há aumento de síndromes de ansiedade, insônia e transtorno de estresse pós-traumático entre trabalhadores da linha de frente.

“O trauma não é apenas do paciente baleado. É também do profissional que precisa atender dezenas de feridos em um plantão de 24 horas, sem apoio emocional”,
afirma a psicóloga hospitalar Dra. Mariana Teles, especialista em saúde ocupacional.

O Ministério da Saúde, em nota publicada em setembro de 2025 (gov.br/saude), reconheceu o déficit de profissionais e anunciou um investimento de R$ 170 milhões na ampliação da rede federal do Rio. Entretanto, especialistas alertam que o problema é estrutural e exige medidas permanentes de proteção física e mental dos trabalhadores.

Plantões dobrados e estruturas no limite

Durante a Megaoperação no Rio, hospitais como o Souza Aguiar, Miguel Couto e Getúlio Vargas operaram com plantões estendidos e equipes reduzidas.
Segundo fontes do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed-RJ), muitos profissionais foram convocados de última hora e tiveram folgas canceladas para dar conta do fluxo de feridos.

“Há plantões de 36 horas ininterruptas, profissionais com fadiga extrema e risco de erro assistencial. Essa sobrecarga é desumana”, denunciou o presidente do SinMed-RJ em entrevista ao portal Extra Globo.

Além da pressão física na Megaoperação no Rio, há o medo: deslocar-se até o hospital em áreas próximas ao conflito se torna perigoso.
“Com a Megaoperação no Rio, alguns técnicos se recusaram a sair de casa durante os confrontos. É compreensível. A segurança pessoal também é uma questão de saúde ocupacional”, explica o infectologista e gestor hospitalar Dr. Felipe Pimentel.

🧯 Falta de suporte psicológico e institucional

Apesar dos riscos e da tensão na Megaoperação no Rio, a maioria das unidades de saúde do estado não possui programas regulares de apoio psicológico aos profissionais.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, em contextos de crise urbana, as autoridades ofereçam apoio psicossocial imediato para equipes expostas a situações de trauma coletivo. No entanto, isso ainda é exceção no Brasil.

A sobrecarga dos profissionais de saúde se manifesta não apenas em burnout, mas também em absenteísmo, aumento de afastamentos médicos e rotatividade nas equipes — o que retroalimenta o ciclo de colapso.

Impacto direto na qualidade do atendimento

A consequência mais grave da sobrecarga é a deterioração da assistência.
Com equipes reduzidas e excesso de demanda, o tempo de resposta nos hospitais aumenta, e erros assistenciais se tornam mais prováveis. Um levantamento da Fiocruz apontou que, em contextos de estresse extremo, a taxa de falhas clínicas pode subir até 40%.

“Não há como garantir um atendimento humanizado quando se trabalha com o dobro de pacientes e a metade do quadro. É uma questão de segurança do paciente e do trabalhador”,
relata o médico plantonista Dr. André Moreira, do Hospital Souza Aguiar.

🧩 Interrupção da Atenção Primária e o efeito dominó

As Unidades de Saúde da Família (USFs) e clínicas da família localizadas no entorno das comunidades afetadas tiveram o atendimento suspenso durante os confrontos da Megaoperação no Rio, conforme relatado pelo SBT News.

Essa paralisação provocou um efeito dominó: pacientes com condições crônicas (hipertensão, diabetes, gestantes) migraram para emergências hospitalares, agravando a superlotação.
Sem a atenção básica funcionando, o hospital se torna a única porta de entrada para todos os tipos de demanda — de ferimentos graves a sintomas leves.

O que pode ser feito: caminhos para aliviar a sobrecarga

Especialistas e entidades como o Cofen e a Fiocruz destacam medidas urgentes para enfrentar a crise:

🔹 1. Reforço emergencial de equipes

Contratação temporária e reposição de profissionais ausentes, principalmente em setores de trauma e emergência.

🔹 2. Apoio psicológico institucional

Criação de núcleos de saúde mental para equipes hospitalares, com psicólogos, psiquiatras e grupos de apoio.

🔹 3. Capacitação e simulações de crise

Treinamentos conjuntos entre Saúde e Segurança Pública para resposta rápida a eventos com múltiplas vítimas.

🔹 4. Incentivos e bonificações

Reconhecimento financeiro e profissional para trabalhadores expostos a zonas de risco e sobrecarga contínua.

🔹 5. Ampliação da rede básica

Manter Unidades Básicas de Saúde abertas e seguras reduz a pressão sobre as emergências hospitalares.

1. O que significa sobrecarga dos profissionais de saúde?

É o acúmulo de trabalho acima da capacidade física e mental, causado por falta de pessoal, alta demanda e jornadas prolongadas. Afeta diretamente a saúde do trabalhador e a segurança do paciente.

2. Como a megaoperação do Rio agravou essa sobrecarga?

O número de feridos e o fechamento de unidades básicas aumentaram a demanda hospitalar. Profissionais precisaram cobrir plantões extras e lidar com o trauma coletivo dos confrontos.

3. Existe apoio psicológico aos profissionais de saúde do RJ?

Apenas em alguns hospitais. A maioria ainda não possui programas estruturados de acolhimento emocional, o que contraria as recomendações da OMS.

4. A sobrecarga pode afetar a população em geral?

Sim. A queda na qualidade do atendimento e o aumento do tempo de espera atingem todos os pacientes, não apenas os feridos nos confrontos.

5. Quais medidas estruturais são necessárias?

Contratação de pessoal, modernização de emergências, reforço da Atenção Primária e integração entre políticas de segurança e saúde pública.

🧭 Conclusão: o colapso que não aparece nas manchetes

A Megaoperação no Rio de Janeiro revelou uma face pouco noticiada do conflito urbano: o sofrimento de quem está do outro lado da linha — os profissionais de saúde.
Eles são os últimos a descansar e os primeiros a sofrer com as consequências de um sistema precarizado e de uma sociedade em crise.

Enquanto o debate público se concentra nas estatísticas de mortos e presos da Megaoperação no Rio, a saúde pública sangra em silêncio.
É urgente que governos e gestores reconheçam que sem cuidar de quem cuida, não há sistema que resista.
A sobrecarga dos profissionais de saúde precisa deixar de ser apenas um efeito colateral — e passar a ser tratada como uma emergência nacional.

Fonte:
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – portal.fiocruz.br
Ministério da Saúde – gov.br/saude
Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) – cofen.gov.br
Poder360 – poder360.com.br
Jornal O Globo – oglobo.globo.com
Extra Globo – extra.globo.com
SBT News – sbtnews.sbt.com.br

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